Vicissitudes
- Chega mais para lá, Cátia, anda lá, chega. (...) Não, não estou a chamar-te gorda, estou simplesmente a dizer para chegares para lá o rabo, é o teu vestido, essa roda toda, deixa a Carolina ajeitar-te a cauda, não vá ela ficar entalada na porta. (...) Isso mesmo, Carolina, cuidado, atenção ao colchete, senão temos decote até à cinta... Isso, isso, enrola tudo, dobra aí aos pés da Cátia. Anda! (...) Claro, Carolina, também vindes connosco, tu e o Martim seguem à frente, ao lado do chofer. Pronto! Parece que podemos partir, caramba! Ah!, se o meu tio tem emprestado o BM antigo íamos mais à larga, Mas, diz-me ele, - ó Fábio, isto não está em condições, era preciso uma pintura nova... - E assim vamos de limusine tamanho mini, a viagem também não é grande, daqui à boda. (...) Tens os braços nus, tens frio? Porra Cátia, também hás de estar sempre a queixar-te! Olha lá se começasses já a suar, o vestido todo molhado!? E tu toda pegajosa no assento!? Dá-me só tempo de fechar o vidro, deixa a malta amiga formar o cortejo... (...) O quê?, nem te oiço com esta gaitada toda! Ó sr. chofer, ande lá com isso, faz o favor! Deixa Cátia, tem calma, ainda tens muito tempo para sentir calor. Martim! Não te descalces, olha-me as tuas meias brancas! (...) É, eu por mim, quando chegar ao restaurante, vai tudo fora: o smoke, o laço, estes colarinhos que se me espetam nos queixos, tudo! Também estou que não me aguento por me ver de mangas arregaçadas. Ok, Carolina, segue quietinha para não estragares o teu penteado.