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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Uma vida que volta

João-Afonso Machado, 20.07.18

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Naquele fim de tarde, andava lá um rato na manduca da comida do canário. Espertissimo, os olhos maiores do que ele (aliás, mínimo), fugiu sem dar tempo de lhe lançar as unhas à cauda. Os ratitos usam os dentes, a coisa não pode ser à mão fechada, mas depois rapidamente se habituam a correr ao longo dos braços e outras proezas mais. São um brinquedo.

Esta é a vida escolhida, não seja ela tolhida. Canários, ratos, gatos e cães. E o que mais vier. Naquele quarto pequenino, duas janelas para o terreiro e os sonhos. Usando uma expressão fácil, corriqueira e inconsequente - vivendo um dia de cada vez. Estão lá os livros dispensados da biblioteca. Mais um Cristo sem braços. Armas, duas de colecção, na parede, e uma automática para o fogo de alguma noite acidentada. A cama é de ferro (os ratos não a sobem) e uma mesa a um canto para a escrita, com um lusicús a alumiá-la. Se tudo falhar há ainda o recurso ao candeeiro de petróleo. Chama-se a tudo isto o felicíssimo regresso à vida no campo. O tal sonho.

A vida no campo!... Ah!, em quantas páginas ela não se esgota em vivência, mais não seja à varanda, agora que os milhafres cuidam dos seus ninhos, O tempo o Pai levou, e cada arbusto é uma história!

Assim cada dia seja a vez que anuncia o dia seguinte. Até ao fim dos dias. Com o passarinho, os ratos, a espingarda e a ameaça tola dos "zés do telhado". 

 

 

 

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