Terras de Bouro
Decerto a mais pacata vila minhota. Não se ouve, não se vê vivalma. Como se todos tivessem partido, com toda a certeza para os encantos do Gerês. Não é longe, mas é sempre a subir.
O edifício da Câmara Municipal dá a exacta noção da quietude destas bandas, não obstante um concelho imenso, que em duas freguesias suas traga a serra do Gerês inteira e quase entra por Espanha adentro. Mas cá em baixo, barra-se terminantemente a agitação - e o turista prossegue até se perder, e a televisão surgir com imagens dos bombeiros seus salvadores. Lá nos picos.
Por aqui ouve-se o cantar das águas, a vila tem o seu centro, o seu jardim, e nele o fontenário cantador. Continuamos sem ouvir o insano ruído automóvel e, em redor, são muitas as marcas do antigo mundo rural que pouco distinguia a vila dos horizontes todos que a cercam.
É um passeio, de pedra em pedra, na ausência de palácios e outras grandes manifestações arquitectónicas. Por isso toda a disponibilidade de espaço para a esplanada magnífica, por acaso esse dia um nada animada (eles não seriam mais de uma dúzia...) com a derradeira jornada do campeonato de futebol.
Estava-se bem. Eu teria ficado, a olhar para o silêncio, ponderando ainda o inacreditável: lá para cima, as aldeias, as serranias, tudo parece muito mais agitado do que a Vila de Terras de Bouro.
E será que a sede do concelho se importa? Não haverá por ali uma pontinha de despeito, ao menos?
Não me pareceu. O caminho para riba daquelas gentes será conhecido e calcorreado quando Deus quer e manda. Enquanto não, a vila vai dormindo a sua sesta que, sendo dia de sol, a roupa à janela seca num instante. Deixá-los ir, mais a muita pressa deles.