Machado, Fm
São muitos anos a ouvir Leonard Cohen. Susanas, Marianas, birds on the wire... Já mais velho, decidiu-se pela valsa e, septuagenário, levou-a mundo fora. Emocionante!!! - emocionante ouvi-lo, apresentar a sua banda, ver o seu chapéu aos pés dos músicos, homens batidos na arte de tocar bem. (Aguento uma cotovelada, decerto pelo meu olhar fixo no coral feminino - a negrinha Sharon Robinson encanta-me...)
O idoso canta, o mundo ouve. «Now in Vienna there's pretty women/There's a shoulder where Death comes to cry/(...)/There's a tree where groves comes to die/There's a piece that was torn form the morning/(...)/Ay, ay, ay, ay/Thake this waltz, thake this waltz/(...)».
Apanhei a valsa para todo o sempre. No orgulho da guitarra portuguesa de doze cordas nas mãos de um catalão. Danço-a everyday...
E passei por Manchester, a caminho de Northumberland, vão lá uns anos. Esse foi o ponto alto do baile, a valsa é uma dança única, virtuosa, da maior selecção. Comigo, então, a única pessoa com quem verdadeiramente a dancei. Até à eternidade do passado e do presente, desconfio, do futuro também. Dizendo-lhe de uma voz só - Take this waltz! Leonard Cohen andaria por perto...
«Oh I Want you, I want you, I want you/On a chair whit a dead magazine/In the cape with at tip of the lily/ In same allways where love's never been/On a bed where the moon has been sweating/(...)/ Ay, ay, ay, ay/Thake this waltz, thake this waltz/Take its broken waist in your hand/(...).
Assim uma vida que me enche e valsa em momentos que não morrem. (E quão graciosa e oportuna, traquina, a saída saltaricada do palco ensaiada por Cohen!!!)