Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 25.04.20

São muitos anos a ouvir Leonard Cohen. Susanas, Marianas, birds on the wire... Já mais velho, decidiu-se pela valsa e, septuagenário, levou-a mundo fora. Emocionante!!! - emocionante ouvi-lo, apresentar a sua banda, ver o seu chapéu aos pés dos músicos, homens batidos na arte de tocar bem. (Aguento uma cotovelada, decerto pelo meu olhar fixo no coral feminino - a negrinha Sharon Robinson encanta-me...)

O idoso canta, o mundo ouve. «Now in Vienna there's pretty women/There's a shoulder where Death comes to cry/(...)/There's a tree where groves comes to die/There's a piece that was torn form the morning/(...)/Ay, ay, ay, ay/Thake this waltz, thake this waltz/(...)».

Apanhei a valsa para todo o sempre. No orgulho da guitarra portuguesa de doze cordas nas mãos de um catalão. Danço-a everyday...

E passei por Manchester, a caminho de Northumberland, vão lá uns anos. Esse foi o ponto alto do baile, a valsa é uma dança única, virtuosa, da maior selecção. Comigo, então, a única pessoa com quem verdadeiramente a dancei. Até à eternidade do passado e do presente, desconfio, do futuro também. Dizendo-lhe de uma voz só - Take this waltz! Leonard Cohen andaria por perto...

«Oh I Want you, I want you, I want you/On a chair whit a dead magazine/In the cape with at tip of the lily/ In same allways where love's never been/On a bed where the moon has been sweating/(...)/ Ay, ay, ay, ay/Thake this waltz, thake this waltz/Take its broken waist in your hand/(...).

Assim uma vida que me enche e valsa em momentos que não morrem. (E quão graciosa e oportuna, traquina, a saída saltaricada do palco ensaiada por Cohen!!!)

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 29.07.18

IMG_2848.JPG

Foi em 1975 que travei conhecimento com Eric Clapton. Uma oferta de um amigo - Eric Clapton's Rainbow Concert - como se depreende um LP alive e acompanhado de Peter Townshend, Steve Winwood, Jim Capaldi e uns outros. Uma delícia! E depois foi sempre a ouvir, por estes anos todos adiante.

Agora, no Hyde Park, Clapton terá realizado um dos seus últimos espectáculos em palco. (Steve Winwood também lá estava.) Os anos não perdoam - tocou Layla muito devagarinho, Lay Down Sally nem tanto, gozando sempre aquela sua wonderful tonight. 

E finalizou em grande, a encher o parque inteiro, com o Cocaine que aprendeu com o J. J. Cale! Memorável!

 

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 17.07.18

IMG_2847.JPG

Depois de muitos anos de vinil e CD's, finalmente ao vivo - Carlos Santana! Foi no Hyde Park, uma hora (a passar) inesquecível. De trazer lágrimas de comoção e saudade daqueles velhos tempos.

 

Ouvimos muitos dos seus sucessos de sempre. Para nós, latinos, estava destinado este Oye Como Va.

Bem, obrigado. E até sempre!

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 21.02.18

Intemporal. Anos depois, muitos anos depois, continuava a tocar na telefonia e nas ditas "festas de garagem". Sempre ao serviço da dança e do romance. Um dos grandes motores da aventura de um beijo e do arranque dos namoros. Francês, ainda por cima. Como seria possível hoje tal? Felizes os que viveram estes tempos! Que será feito dos slows e das férias que criavam raízes violentas e fundas na nossa memória? Tout c'est fini, c'est la vie... De Alain Barrière. Est-ce qu'il serà maintenant vivre?

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 26.04.17

Naquele banho de assento em que para os mais novos consistiam os bailes do liceu, entre muita musiqueta da rádio, surgiram inopinadamente os Doors. Conhecia-os bem de outras paragens, de um mundo em absoluto diferente.

Nesse mesmo instante de magia, viu-a chegar do lado mais acalorado do baile, sabe-se lá a caminho de quê...

Pequenote, confrontado, ainda por cima, com os elevados saltos de então, vulgatas de dez centímetros de cortiça, mesmo assim não deixou o siso mandasse - Queres dançar?

Quis. Generosamente, o nariz poisado no cucuruto da cabeça dele. Foram onze minutos de slow no andamento de um carrocel razoavelmente desempenado. When the music's over. (And the life begins, fosse o inglês o seu forte...)

Em tal atrapalhação julgou-se pronto a morrer. Já vivera o bastante. Until the end dançara, ouvira  the scream of the butterfly. Um forte empurrão para o sonho e os simbolistas que vinham aí, no curriculo escolar.

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 11.11.16

https://youtu.be/3XzAjfwQtvM

Veio do tempo das férias e dos sonhos, laughing and crying, às vezes corria bem, outras nem por isso. Tudo era breve e muito o tempo pela frente. O de Leonard Cohen chegou hoje ao fim. Marianne partira já. So long! A voz vai ditando o caminho que é assim mesmo, só tem de ser caminhado, afinal, como ela - a voz - cada vez mais vagarosamente.

So long, Leonard! The angels don't forget to pray for you!

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 12.02.16

A música de Carlos Santana tem muitos títulos e muitos (e tão diferentes!) lugares na memória. É difícil a escolha... E admirável a sua generalizada aceitação, desde os mais exigentes patamares da melomania até aos bailaricos no largo da aldeia, junto ao fontenário, daqueles onde algumas pequenas ainda não estavam licenciadas pelo pai para dançarem com os mocetões - e por isso, desperdiçadamente, gingavam nos braços umas das outras, por exemplo quando tocava o Samba Pa Ti.

Carlos Santana vem a Portugal em Julho, tem espectáculo marcado na improbabilíssima Gondomar. É preciso assistir: Santana rima com filigrana. De ouro.

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 26.01.16

A gente via-o passar, imenso, ritmado, em grande empolgamento de harmónicas, ao longo das notas todas dos Doobie Brothers. No meado dos 70's os comboios, mesmo correndo, demoravam-se nos carris, transportavam sonhos, e a vida era percurso, era estação, era tudo. Como manadas de cavalos. Das pradarias ao deserto, através de vales e montanhas, em demanda do oceano. Long Train Running até hoje, sempre por aí fora nos dias. De jeans, evidentemente.

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 16.01.16

Só muito mais tarde vim a saber que eram todos músicos do Porto. E quando li «Miguel Graça Moura» entre parenteses, como o autor de um dos temas, demorei a acreditar, para mim era gralha, equívoco. Havia ali uma réstea da voz de Jim Morrison e do orgão de Ray Manzarek. Até no nome o "conjunto" (assim se dizia então) parecia inglês, americano, - Pop Five Music Incorporated; como seria possível?

Integravam os Pop Five, quando saiu o Orange em single (1971), além de Graça Moura, Paulo Godinho, Álvaro Azevedo e Luís Vareta. Foram editados internacionalmente. Para constar - era música de grande qualidade, portuguesa, que só poucos portugueses conheciam ou queriam conhecer.

 

 

Machado, Fm

João-Afonso Machado, 30.12.15

O baterista (Mick Fleetwood) dava o nome à banda e parecia capitanear com a sua batida esta cavalgada. Em 1977 o lema era de certeza esse: «Don´t stop thinking about tomorrow» porque «yesterday's gone» e estavamos quase com um pé na Faculdade. Nas festas em casa de amigos discutiamos isso e muito mais. Vinha aí a maioridade, o voto, a carta de condução para os mais abonados. Os Fleetwood Mac empolgavam a dança, o futuro parecia um oceano inteiro e os requebros de Stevie Nicks deviam andar no ar, tudo aquilo excitava e pedia mais. 

Na realidade, yesterday is not gone. Está presente na forma de saudade e reconhecimento. E no eterno Don't stop.