Santa Joana Princesa
De repente percebe-se o caminho entre a devoção e a vocação. Além de crer, a irmã d' El-Rei D. João II sentiu-se chamada. Assim se tornou dedicada. Tomou o hábito e recolheu-se ao mosteiro de Jesus, em Aveiro.
Uma vila, aliás, que lhe fora doada pelo seu régio irmão. Mas os frios da clausura prevaleceram sobre o conforto palaciano. A beleza e o esplendor em que repousam os seus restos mortais são o princípio vital da arte oferecida aos olhos do Passado, do Presente e do Futuro.
E ainda hoje Aveiro lhe pertence. É a sua padroeira. A Princesa sai todos os anos no seu andor, dá uma volta à cidade, escoltada pelos bombeiros locais, ouvem-se as fanfarras (eu gosto de procissões), marcham as confrarias e as ordens religiosas, vislumbra-se o pálio, o Senhor Bispo sob os seus panos, atrás as mais representativas individualidades da terra. E o povo e os foguetes. Em um dia de feriado municipal. Santa Joana (ainda só beatificada) terá dito: «Estimai sobre todas as coisas por andar com a consciência limpa, sempre olhando o fim desta carreira tão incerta».
Provavelmente será uma das mais atinadas ponderações que a História já escutou. Há de vir daí a simplicidade e a serenidade da Princesa no seu andor, entre as gentes da sua terra.