"Reviver o passado" em Penaventosa
Talvez uns tantos ainda se lembrem e parem aqui, neste pontinho dos nossos anos de juventude. O local de encontro era junto ao liceu Carolina Michaelis... Depois da tormentosa viagem pela antiga estrada para Paredes, Penafiel, Casais Novos, Amarante... com desvio para o enrabioscado serrano que levava à Régua, a camioneta quase cedendo às vertigens a desviar para Baião, o caracol final, muito devagar, a tropa já toda num levante... e Penaventosa, quis o Senhor chegássemos!
A festa estava reservada para uma sala e um pátio voltado às traseiras. O lanche era substancial e com direito a cerveja. Uma camioneta inteira deles e delas dançava pela tarde fora, inocentemente, alegremente, ao som do Daddy Cool dos Boney M, já não sei de que êxito de Stevie Wonder e de outras coisas inconcebíveis. Porque viviamos então sob a pata feroz do disco sound.
Ficaram as saudades. A viagem nocturna na camioneta onde, bem vistas as coisas, tudo era permitido: abrir as janelas, enjoar, vomitar e até fumar e namorar. Além de, obviamente, implicar com o motorista.
A cabeça da eleita no ombro adequado, o discreto encanto da penumbra... Não era muita a ânsia de chegar... E Steve Harley e os Cockney Rebel, Come up and see me, make me smile, despontando nos tempos, uma nova era se avizinhava. Três ou quatro anos volvidos seria o entusiasmo imenso de o ouvir na praça de toiros de Espinho. Como se já numa outra vida.