Resende
As notícias são nenhumas. É o lugar igual todos os dias além dos rigores meteorológicos. Mas por ora sabe bem o exercício da solidão no jardim público onde talvez não caibam mais de três solitários e um boneco de palha. Cores florais mutismo e o banco de pau reclinado. O tempo não passa.
Há gelados e uma agitação infrene no café. Há jornais e, através deles, o mundo. E há juventude, a continuidade da espécie, melhor do que isso: caras bonitas, desejos naturais, o rir das conversas tarde fora.
É uma escolha de vida, barbas deixadas crescer sem pretensões nem monumentos nem história ao virar da esquina. Apenas Resende, o eterno plano inclinado, e o Douro no fim de tudo, deslizando, navegado, perdido numa floresta de encostas indistinguíveis, quase arrependido por deixar ou não chegar a qualquer cais a montante ou a jusante.