O som das cores
É em casa, de olhos postos fora dela. Imaginemos dunas.
Vem aí o tempo do florir dos chorões e de um mar que já não significa o impossível. O princípio da tarde vale o símbolo de todos os amanhãs até hoje outra vez.
A visão é pouco espaçosa. Tal como o papel, a cavalgar furiosamente para o ponto final. Nada resta senão as cores, uns ilhéus de areia, o branco das ondas no azul do horizonte. A policromia de um sonho ou o desejo de o tornar realidade. Como as «formas» de Platão.
Antes de pousar a caneta, quando a escrita ameaça tropeçar na areia, o derradeiro espreitar das rochas, assim estivéssemos a ler o barómetro das marés, ou o registo dos satélites em órbita de um regresso todos os anos ao mesmo eixo de partida.
Não vale a pena espraiar outras frases. O que foi serão sempre os traços de tinta até à exaustão. Isso é o quotidiano, mais ideia, menos lampejo matinal. Vírgula: porventura no poente laranja das nuvens cinzentas anteriores à largada.