Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O previsivel fim

João-Afonso Machado, 20.12.20

BARBADÃO.JPG

Já há muito era previsivel: a velhice de MACHADO, JA anunciava o seu estado terminal. Sempre foram mais de dez anos a rabiscar, obrigado a duas ou três plásticas, sempre por um caminho novo dentro do classicismo, as longas barbas brancas de MACHADO, JA riam, mesmo a mostrarem os dentes, pelas inovações gráficas ou gramaticais que, por si só, tentassem a originalidade aconselhada. Confidencionalizou-me MACHADO, JA, lera quase todo o Saramago e compreendera finalmente a política. Não, seria ele próprio até ao fim.

Seja como for, os clínicos recomendaram à família estivesse preparada. MACHADO, JA soube disso e escarneceu. Continua publicando à toa. Só mais tremelicando da mão... E sabendo de um propósito de homenagem, mandou toda a gente à merda, que se livrassem, seria uma onda-nazaré de gaffes sobre gaffes.

(Nestas fúrias de tantos em seu redor, a chateá-lo, vagas de enfermeiros acorrem de botija de óxigénio em punho. MACHADO, JA diz-se então são e salvo na praia. Enfim, nos Cuidados Intensivos grassa o alarme...) 

Conforme-se Portugal... Esta grande figura nacional está no último trecho de viagem antes da negritude do sem-tempo. Mas que não haja veleidades: nem ele nem Eça querem o Panteão Nacional - jamais a regicida companhia de Aquilino. MACHADO, JA, no seu leito de quase finado, apenas se interroga, angustia-se apenas por saber - quem depois dele interpretará Portugal sem abalar o status quo? Haverá reencarnação? E, por isso, pede a pena e o tinteiro, e escreve, escreve, escreve..

Em boa verdade, porque, tudo lido, só ele, e um ou outro, proclamam "Nós" em voz sonante, que o mesmo é dizer - Viva El-Rei!

 

14 comentários

Comentar post