O "cenário macroeconómico" de Costa
António Costa tirou, por fim, qualquer coisa da sua cartola eleitoralista. Sem surpresa para ninguém, um programa relativo ao grandioso «cenário macroeconómico» que perspectiva para a sua vitória, supostamente dourado com a chancela de uns tantos vultos académicos de saber indiscutivel. Algo a aniquilar - no espírito das suas gentes - a política do Governo, a indignante política da Direita.
Com uma certa graça, José Adelino Maltez veio dizer achar salutar este confronto de concepções - a da "austeridade" vs. a do "despesismo" (sic).
O problema dos portugueses, salvo melhor opinião, reside na desatenção com que contemplam a alta rotatividade dos olhinhos de Costa. Aquela permanente atitude de quem impinge relógios contrafacionados jurando serem verdadeiros. Costa venderia a alma ao diabo por um qualquer objectivo político seu; como Costa não acredita na alma, aí o temos a vender o que não sente possuir.
E logo no arranque as reacções no seu próprio partido parecem não ser as melhores. São já conhecidas críticas ao programado quanto à TSU, à legislação laboral... Foram também suscitadas dúvidas sobre a constitucionalidade de algumas medidas...
Em suma, Costa não divergiu daquilo que sabe verdadeiramente: falar e gesticular comicieiramente. No mais, o seu «cenário macroeconómico» é um oceanário (de 90 páginas) que até poderá dar para tudo, no remoínho das palavras, mas apontará para os fundos do tal «despesismo», tão ao gosto de Sócrates e dos seus apaniguados.