Tardes no parque
Entre o rio e o ribeiro as margens são os nossos olhos ou os dos outros. A terra - ou o rigor da indiferença pelas águas resgatadas à podridão e pelo parque emergindo do emaranhado das silvas. Com tal convicção que, sendo obra nova, já ninguém recorda como era antes. Assim decorre o Verão no Interior.
Repleto de pontes e açudes e mesmo ilhas, mera fraqueza de caudal para os tais outros. Há ainda o lago e as aves aquáticas. Às vezes gaivotas e corvos-marinhos.
E inevitavelmente os patos. Já nascidos no parque, a cidade lembra-os ainda bicando a casca do ovo, uns meses atrás. Permanecendo irmãos, ainda sem as cores da maturidade, no gozo diário da sua vilegiatura. Enquanto não engrossam o bando dos fins de tarde em voo circundante do lago, grasnado e muito chapinhado nas águas.
À espera do tempo de viagens maiores, outras fotografias, são ainda assim importantes estas facetas do quotidiano. Os patos do parque e a súbita percepção da sua imunidade ao impulso do tiro. Mas a ninhada era de seis, onde parará o sexto? Em cada dia que passa, vagueia-se entre a preocupação e a satisfação.
Há coisas extraordinárias! Mesmo no nosso pequeno mundo, o mundo de cada um, o impossivel nunca deixa de acontecer!