Maio de 68
Entre amigos, hoje, o tema maior da conversa foi o celebérrimo Maio de 68. É o seu cinquentenário. Na parte que me toca, quando em fazia os deveres escolares, apenas, e coleccionava cromos de jogadores de futebol. O Maio de 68 entrou na minha compreensão muitos anos depois.
Mais precisamente - anoto sempre nos meus livros a data da sua aquisição - em 1986, quando li - e reli - A Revolução Inexistente, de Raymond Aron. Uma obra escrita sob a forma de entrevista de Alain Duhamel ao próprio Autor, onde, logo na página inicial, pontifica o dizer de Proudhon (1848) - «Fez-se uma revolução sem uma ideia. A nação francesa é uma nação de comediantes».
Muito mais podia acrescentar-se. A Revolução hoje não tem um destino senão o da destruição pela destruição. Sobretudo a do Reformismo. «Toda aquela gente imitava os grandes antepassados e reencontrava os modelos revolucionários inscritos no inconsciente colectivo. Mais psicodrama do que drama, à falta de partido revolucionário», frisava R. Aron.
Pois. O resto foi o aproveitamento dos protestos estudantis pelo parco marxismo-leninismo e maoísmo organizado. É sempre assim. A confortar as minhas saudades do tempo em que me escapulia à polícia. Ao menos, os motivos eram nobres - os lares das freirinhas estavam coalhados de meninas e nós, altas horas da noite, queríamos confraternizar com elas.