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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Maio de 68

João-Afonso Machado, 08.05.18

PARIS - 1998.jpg

Entre amigos, hoje, o tema maior da conversa foi o celebérrimo Maio de 68. É o seu cinquentenário. Na parte que me toca, quando em fazia os deveres escolares, apenas, e coleccionava cromos de jogadores de futebol. O Maio de 68 entrou na minha compreensão muitos anos depois.

Mais precisamente - anoto sempre nos meus livros a data da sua aquisição - em 1986, quando li - e reli - A Revolução Inexistente, de Raymond Aron. Uma obra escrita sob a forma de entrevista de Alain Duhamel ao próprio Autor, onde, logo na página inicial, pontifica o dizer de Proudhon (1848) - «Fez-se uma revolução sem uma ideia. A nação francesa é uma nação de comediantes».

Muito mais podia acrescentar-se. A Revolução hoje não tem um destino senão o da destruição pela destruição. Sobretudo a do Reformismo. «Toda aquela gente imitava os grandes antepassados e reencontrava os modelos revolucionários inscritos no inconsciente colectivo. Mais psicodrama do que drama, à falta de partido revolucionário», frisava R. Aron.

Pois. O resto foi o aproveitamento dos protestos estudantis pelo parco marxismo-leninismo e maoísmo organizado. É sempre assim. A confortar as minhas saudades do tempo em que me escapulia à polícia. Ao menos, os motivos eram nobres - os lares das freirinhas estavam coalhados de meninas  e nós, altas horas da noite, queríamos confraternizar com elas.