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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Gisele, a chefe dos bombeiros (interina)

João-Afonso Machado, 14.03.18

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O Comandante claudicara à conta do reumático. E a tempestade fora previamente anunciada, sinal vermelho ao longo de toda a costa. Em tal aflição, o batalhão reuniu e chamou Gisele para a frente das tropas. Ela veio.

Veio possante como um levantador de halteres, contudo de voz mais sonante. Sem frio e de mangas arregaçadas. Gisele nada sem se despir e não cabe num bote salva-vidas. Mas o mar tem-lhe medo.

Certa vez, conta-se, atirou-se à água. Eram uns tantos embrulhados num remoínho, a gritar por socorro. Gisele, num rompante, mergulhou, as mangas arregaçadas, ela nunca se despe, e nadou, nadou, o mar temeroso a deixá-la passar, até alcançar os naufragos. Vendo-os tantos, fez uma careta, contrariada, rasgou a camisa e ordenou - Segurem-se. Vamos!

E eles vieram, agarrados às raízes que despontavam debaixo das suas axilas.
Por isso a autoridade de Gisele neste capítulo dos salvamentos. Agora mesmo, com o litoral português sob alarme total, a heroína está lá. Semelhando ao lado das carroças do sargaço, a bradar como um carroceiro. E a norte da demais companhia, porque o vento está de sul e Gisele não pára de dar ordens e de transpirar.