Gisele, a chefe dos bombeiros (interina)
O Comandante claudicara à conta do reumático. E a tempestade fora previamente anunciada, sinal vermelho ao longo de toda a costa. Em tal aflição, o batalhão reuniu e chamou Gisele para a frente das tropas. Ela veio.
Veio possante como um levantador de halteres, contudo de voz mais sonante. Sem frio e de mangas arregaçadas. Gisele nada sem se despir e não cabe num bote salva-vidas. Mas o mar tem-lhe medo.
Certa vez, conta-se, atirou-se à água. Eram uns tantos embrulhados num remoínho, a gritar por socorro. Gisele, num rompante, mergulhou, as mangas arregaçadas, ela nunca se despe, e nadou, nadou, o mar temeroso a deixá-la passar, até alcançar os naufragos. Vendo-os tantos, fez uma careta, contrariada, rasgou a camisa e ordenou - Segurem-se. Vamos!
E eles vieram, agarrados às raízes que despontavam debaixo das suas axilas.
Por isso a autoridade de Gisele neste capítulo dos salvamentos. Agora mesmo, com o litoral português sob alarme total, a heroína está lá. Semelhando ao lado das carroças do sargaço, a bradar como um carroceiro. E a norte da demais companhia, porque o vento está de sul e Gisele não pára de dar ordens e de transpirar.