Feiras Medievais
Tomaram conta do País,as Feiras Medievais. De norte a sul e não apenas nas sedes de concelho, mas em rajadas de freguesias. Partindo da sombra dos castelos, monumentos e ambiente, lugares propícios ao conhecimento e à imaginação, até um qualquer jardim público, assustado e desenquadrado.
Dá que pensar. Porquê as Feiras Medievais e o seu mais que duvidoso rigor histórico? Talvez pela acessibilidade dos custos com que se recriam as chagas leprosas ou o desfile das condenadas à fogueira. Bruxas! As Feiras Medievais começaram por ser o fascinio e mesmo os temores da nossa infância. Com direito a uma voltinha no dromedário e a um combate entre cristãos e sarracenos - pedagógicamente terminando em abraços fraternos... Mas depois tornaram-se repetitivas.
São sempre de ver, é certo, as rapinácias empoleiradas e adormecidas ou entediadas. O mesmo quanto ao seu show, a cetraria é-nos invarivelmente distante. E ao emborcar de um pichel de vinho e um pedaço de toucinho. Mas a nossa Idade Média enferma de um pequeno problema: naquilo em que foi grandiosa, a imagem não chega lá, são irreproduziveis as vivências, os saberes, as estruturas. E o mais são as trevas...
Já as feiras festivas, as feiras anuais, mantém viva a nossa alma, hoje possivelmente um pouco desviada por paquistaneses brinquedos cheios de luzinhas. Ou por girafas quase em tamanho natural, esculpidas na madeira e vendidas por africanos. Somos mais do género da concertina e das desgarradas. E das cores garridas dos lenços e dos trajes das moçoilas de Viana. Somos, isto é, fomos e continuamos a ser. Talvez o caminho vá mais por aí, por nos salvaguardarmos.