Espreitando dois meses
Diria um funcionário público: é um tordo. Ponto. Correndo o imenso risco de prejudicar a nobre causa da gente livre, agarrado ao manual, sai a alternativa - é uma tordeia.
A tordeia é maior. Mais pintalgada no peito, manchas grandes castanhas. Além disso, sedentária. Boa cantadeira, assenta-lhe muito bem o Minho. É uma companhia tão agradável como os melros, e talvez assobie melhor e melhor regale a gente nos fins-de-tarde.
É do que a vida se faz - de lotear espécies animais, as aves, que são as de maior beleza. Este para aqui, aquele para ali... Ler-lhes o voo, o piar, as formas, saber distingui-las, pelo ninho que seja... Tudo destaca a maçada que é trabalhar e ter clientes. Aos 60 anos já se pode dizer isto em voz alta e procurar outra bicharada em honra ao nosso saber.
Ontem, no Parque, também se viram lagostins-de-água-doce, armados até aos colarinhos. Coitados!
Apanham-se delicadamente pelo traseiro, e assim se tornam inofensivos, se já não o eram antes. Fica sempre a interrogação - que fazer deles? Há quem saiba, e parece que combina muito bem com umas cervejas. O mundo tem imenso para nos ensinar. Mesmo na Provincia, e sobretudo no Verão.
É um consolo. O mais, acrescentaria Ricardo Reis, - é nada.