Castro Marim
Assim se vem provar que o Algarve não é exactamente uma boca aberta, escancarada para o mundo, a chamá-lo para se entulhar de turistas e desse jeito viver, já quase não falando português. Não, mesmo junto à costa, há vilas bem guardadas por inexpugnáveis fortalezas, totalmente imunes à multidão.
É o caso de Castro Marim. Meio afastada, é certo, daquele miolo fervilhante do Algarve de veraneio. Posta no Sotavento, já não longe da fronteira. Provinciana de um silêncio que até emociona. A ir à missa, lá no cimo de um escadório de respeito.
E depois regressando recolhidamente a casa, como todos nós. A fugir do calor ou do frio, se é que no Algarve há lareiras e samarras. Ao menos, em Castro Marim, despudoradas torres habitacionais não encontrei, somente as costumeiras construções brancas e sempre lavadas, um lição que se aprende muito a sul.
Porque o Sul, quando se deixa de asneiras estivais, é essa paz e esse convite. É outra vez a boa comida e a ausência de atropelos. De uma amabilidade que parece trazer-nos de volta lá. Enquanto não - acena adeuses com buganvílias em flor:
Mesmo a essa hora do fogo de Agosto com ninguém na rua e, nas esplanadas de um ou outro café, a conversa em baixa voz, as garrafas chegando cheias e partindo vazias de cerveja, em mais um dia, igual aos outros, - de vidas longas que se defendem do sol sem apertos nem empurrões.