Aqui o "velho Lau"
Fui hoje buscar a bicicleta à loja que tão amavelmente ma cedeu por empréstimo. Tem mais manípulos do que uma avioneta mas guia-se bem, e o zunir dos seus aros é bonito, afinado, azeitadinho. Vim nela, blazer azul escuro e calça cinzenta clara, até casa. Mais um saco de compras pendurado no guiador. Tudo por causa desse passeio aos museus do concelho agendado para domingo, e da mania que se me entranhou na cabeça de participar nele.
Espero só o desaire não seja completo. Eu vou individualmente, mas há equipas formadas, exibindo cores de índios em pé de guerra e nomes tribais assustadores - os Tomatubikes, por exemplo, ao que alcanço, muito constituídos por amazonas. É que andar de bicicleta, a gente nunca esquece; mas são muitas as saudades dos confortáveis selins de outrora, em pele e com molas, ergonómicos como os assentos do meu Peugeot. Agora é um pedaço de plástico, enfim... recorrentemente algo inconveniente. E, depois, o império das lycras, um festival de tons e dizeres, mais os capacetes, as luvas, os óculos plásticos, o ambiente todo de uma carga da brigada ligeira.
Vou de calças de ganga, botas da caça, t-shirt e a mochila com a máquina fotográfica, umas garrafitas de água não ardente e ardente, para os momentos de maior desânimo. Algo de mau que me aconteça no trajecto só poderá ser remediado pela Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de V. N. de Famalicão: mas se eles entretanto decapitaram o "Real", então o meu lugar será na berma da estrada, como um cão vítima da sua fidelidade ao dono. Seja isto levado na conta das minhas públicas disposições de última vontade.
Regressando são e salvo, mais contarei. Não que sejam de esperar grandes performances, curvas rasando o asfalto, rampas heroicamente subidas. Mas como não conhecer por dentro este mundo com que todos os dias nos cruzamos na estrada? E há prémios de participação, uns quilitos a precisarem ser abatidos. Camone!