A nossa claque no castelo de Windsor
A nossa comitiva chegou a Londres um pouco macerada do voo na Ryanair, mas com um entusiasmo furioso. Eram umas largas dezenas.
- Please,
começou uma senhora ilustrada, sonhando a arquibancada, e o policeman, olhando em redor, a voz naquele microfone tamanino,
- Portugueses...
apontando ao colega a chusma, como quem endossa o assunto. Porque era muita gente de Almada e do Seixal. Altos, de cabeça rapada e a pele bem tisnada do sol (e não só); ostentando bandeiras americanas, a discutir o basquetebol. E os mais, aloirados, decerto da banda de cá do Tejo, a espanejarem a velha flag britânica.
- This way, please...
E todos seguiram ordeiramente o cordão policial criado em sua volta. quarteirão após quarteirão.
- Olhe que nós queremos uma vista de primeiro plano para o castelo de Windsor!
- Sorry?!
E ele sorriu. O agente também, tudo sem incidentes. O destino previsto era uma junção com madeirenses radicados na Grã-Bretanha que se associavam ao delírio do evento. Ali ficaram todos, descendentes de Viriato.
Decorreu o tempo bastante para trazer a nossa proverbial impaciência. Percebeu-se, finalmente, o novo casal real vinha aí e passou ante o gáudio dos seus súbditos, a loucura total.
Escutando o clamor levantado, os nossos não quiseram ficar por menos:
- Olé. olé, olé, olá!!!
- Alé, alé, alé!!!
E houve até um barreirense a intentar um beijo na bela Meghan, mas um polícia encorpado deu-lhe a entender - educadamente - o peso do bastão. De resto, lera algo sobre o Buiça e o Costa... O nosso compatriota logo voltou ao seu lugar.
O cortejo findara. A expressão ruiva do Principe Harris permaneceu. Tal como a da nova duquesa de Sussex.
- Um sucesso, é verdade, um sucessso,
confirmou a velhinha da Baixa da Banheira.
Depois, foi uma noite de muita cerveja e uma manhã mal acordada. Mas... tratasse-se de um neto de Marcelo, quem iria lá? Assistir a quê? Os lusos caíam em si, inquiriam-se, nada percebiam já.
(E Portugal não gosta de vergonhas - o grupo rejeitou a inscrição de um senhor Bruno, que teve o azar de proclamar - no aperitivo da Royal Academy, raparia o gin todo e os After Eight também, num badamerda para o planeta inteiro).