A Monarquia pelo Minho - V. N. de Famalicão
No meu regresso a Famalicão, terra das minhas origens, depois de longos anos de ausência, fui reencontrando ou conhecendo pessoas, recriando ou criando novas amizades, enfim.
A breve trecho, já me organizava entre grupos vários e casas de comer e frequentava uma animada tertúlia das mais diversas proveniências políticas.
V. N. de Famailicão é uma cidade, um concelho, de trabalho e modernidade, onde não é provável encontrar alguém invocando vetustas raízes e tradições nobiliárquicas dos seus antepassados. É esse o contexto ideal para avaliar certas e determinadas convicções de princípios ou de ideologias.
Sem nada pedir ou perguntar, os meus conterrâneos, amigos de longa data ou mais recentes, vieram tendo comigo, versando o Ideal que jamais abandonei, e já era meu quando daqui parti para a minha vida profissional. Sabiam-me um indefectivel da Monarquia. E manifestavam, então idênticas convicções. Em alguns casos, reconheço, para imensa surpresa do meu lado. Mas – sempre sem nada pedir ou perguntar – fui ouvindo essas vozes todas. Gente inconformada, saudosa de uma História com o garbo de antigamente, revoltada com o Presente, descrente do Futuro. E espantosamente bem informada, de alma devota ao nosso Rei.
Assim reforcei contactos, criei até um grupo comparsa. Da boa conversa, de permanente renovação de fé. Pelo menos em dois restaurantes, começando pelos seus proprietários e prosseguindo nos comensais, o debate pauta-se pela sintonia – para Portugal, a Monarquia!
Ficou-me a crença, não é o tempo de institucionalizar, ou de programar o que seja, em função destas boas ideias. Mas apenas de deixá-las fluir. De resto, intentasse eu tal propósito, o meu anarquismo nato – invoco o saudoso Camossa Saldanha!... – em nada ajudaria a formar estruturas e hierarquias.
Não, por mim, e por aqui, será assim o nosso pensamento. A nossa fidelidade à Coroa. Afinal, o nosso Reino.
Chamem-lhe tolice. Mas à gente da minha terra não proponho mais do que prosseguir e sonhar um diferente devir. O que é muito mais do que pouco. Queremo-nos assumidos e somados para o dia do grande Ideal.
O qual, acreditamos, chegará. Paulatinamente, conforme vou sustentando perante os meus pares famalicenses, depois de uma IV República, necessariamente de transicção. Algo em que todos, creio, deviam pensar. Uma IV República que substituirá a sua desgraçada, miserável, antecessora, caindo sem parar de podridão. Uma República com outra gente, menos fechada, em que a El-Rei sejam proporcionados os meios de se apresentar como uma alternativa capaz de vencer o lixo maçónico que nos tolhe.
Para já, vai sempre crescendo a ala dos menos enérgicos, talvez, mas categoricamente afirmando – em caso de referendo voto na Monarquia...
(Publicado na Real Gazeta do Alto Minho, nº 24)