A carta-profecia de Antero
Tardes em que a se pesquisa, estuda, escreve. E a grande carta, a imortal carta premonitória, invariavelmente ante o olhar, neste livro, naqueloutro. Contando tanto, em tão pouco espaço, convidando sempre a reproduzi-la. Actualíssima, como se a actualidade fosse um infindo plano inclinado. É de Antero do Quental. O Santo - e profético - Antero. Para o seu amigo João Lobo de Moura, em 1873:
«Creio que teremos República em Portugal, mais ano menos ano; mas, francamente, não a desejo, a não ser dum ponto de vista todo pessoal, como espectáculo e ensino. Então é que havemos de ver o que é atufar-se uma nação em lama e asneira. (...) Os briosos portugueses estão destinados a dar ao mundo um espectáculo republicano ainda mais curioso: se a República espanhola é de doidos, a nossa será de garotos».
Sim, a República Portuguesa é uma marosca de putos, um carnavalzinho de bairro a que dá algum gozo assistir da varanda. Se não é ... - seria, não ocorresse um preocupante crescente de bullying por quantos becos da República. Garotos!