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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O drama de uma Mãe

João-Afonso Machado, 18.11.10

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É um crime que data de 2005. Nada a que não nos vamos habituando já, complacentemente, até porque as vítimas são sempre os outros. Notícias de jornais, acontecimento que abala o bairro, vá lá, umas semanas de perturbação, e depois o esquecimento. Sempre assim é, num permanente meio-caminho andado para a impunidade.

O Diogo foi sovado até à morte - por quem? os vândalos do costume? - à porta de uma qualquer discoteca portuense. Rondava os vinte anos. Veio a polícia, abriu-se o inquérito, cumpriu-se escrupulosamente toda a via sacra processual. Para, no fim, se chegar a nada. Ou seja, à impossibilidade de identificar os agressores e homicidas. Que a estas horas se rirão da proeza, se não mesmo a repetiram já. É assim a noite actual: um risco, uma ameaça, a violência gratuita.

Mas alguém não se conforma. Jamais! A Mãe do Diogo. E todos os anos, a cidade é invadida por cartazes como este, geralmente invocando a data bárbara do maior desgosto da sua vida - a morte do filho. O seu assassinato e a inépcia da Justiça.

Desta feita, a sua revolta não esperou o momento da efeméride. Do que se alcança, os resultados da autópsia anunciaram-se vagos, inconclusivos, incapazes de ajudar a deitar a mão aos criminosos. E aquela Mãe desesperada, falando em voz alta e escrita firme com o Filho, jura-lhe que não se resignará. Que os seus dias serão a sua caminhada, sem fim à vista, até ao covil das feras.

Já assisti à Senhora na televisão, num desses programas matinais, imagem viva da dor e da saudade. Porque o Diogo, seu único filho, era também a única presença no seu coração. Que assim prossegue à procura dele, Diogo, através da recompensa que a Senhora julga ser-lhe devida: a punição dos matadores.

Oxalá consiga os seus intentos. E oxalá saiba serenar depois.