E a bala na nuca: quem a pagará?
Chega hoje a Lisboa, Sua Ex.cia o Presidente da República Popular da China, Hu Jintao. E, bem vistas as coisas, depois da recente visita de Hugo Chavez, porque não a deste democrata mais? Ao que parece, ainda por cima, trazendo os bolsos carregados de eulos para desenrascar as nossas economia e finanças.
Hu Jintao não descerá as escadas do avião envergando a fardamenta revolucionário-proletária do seu antecessor Mao. Mais depressa intentaria amaciar-nos o espírito com as sedas das cabaias dos mandarins. Mas o tempo urge, a hora é de negócios. O traje de executivo. O relógio dos aúlicos do pragmatismo. Apenas com um intervalozinho para a coroa de flores no túmulo de Camões. Não fica mal, esta homenagem aos costumes dos ocidentais.
E depois, toca a sentar à mesa dos números, para discutir a entrada no tecido empresarial português, conforme os eufemismos dos nossos governantes, que os jornais papagaiam.
Muito suncintamente: trata-se de comprar títulos da nossa dívida pública e de dar uma vista de olhos pelo que ainda seja recuperável neste jardim à beira-mar plantado. Hua Jintao ouviu muito falar do BCP e está intelessado também...
Talvez as fábricas de munições sejam relançadas. Talvez passemos a produzir as balas tão corrente e exemplarmente utilizadas na China contra criminosos, detractores ou gente que apenas se atreve a querer ser livre...
Mas podia ser pior. Felizmente temos cá a benfazeja República portuguesa. Ética, democrática, mãe devota dos Direitos Humanos. Ela zela por nós. As balas são só para os chineses e nós nada temos a ver com os Nóbeis deles - mesmo que da Paz e mesmo que encarcerados. O mais só seria grave se o regime não fosse republicano.