S. Torcato, não e sim
O Santo está lá, em lugar de relevo, vestes de arcebispo seguramente não do século VIII, quando foi martirizado pelos invasores árabes. Estranha percepção da distância do tempo, imaginar os maometanos cavalgando e matando assim, ali mesmo ao lado de Guimarães. Mas o Santo - S. Torcato - acomodado naquela vitrine, os seus restos mortais de um cinzento talvez confrangedor, porque não deixá-los descansar em paz, fora do alcance de tantos pares de olhos dos seus veneradores? Confesso, é de outro modo que concebo o culto, a fé, a devoção.
E sobre o Santo, o santuário. Em si mesmo nada de deslubrante, além das dimensões, da sua formidavel força, como se eruptisse da terra, pináculos pontiagudos, qual templo gótico, flamengo, palco de intrigas e disputas. Reduzido, afinal, à dimensão de um tema de referência na escrita que actualmente se vende melhor.
Ao longe, erguendo-se acima das serranias, a igreja imensa justifica-se, como se lançando um pouco de água benta naquele casario tipicamente de arrabalde citadino.