Notícia do Professor Bambo
Senegalês, a Portugal arribou há cerca de 10 anos. Era visto em tudo quanto cheirasse a jornal, e creio mesmo não lhe foi recusado um programazito nas televisões da madrugada. Gordo, barretina na cabeça, negro como um tição embrulhado em balandrau branco. Todos se lembram - do Professor Bambo.
Um artista da estirpe dos Karamba ou dos Fofana.
Mas, de há tempos a esta parte, desapareceu completamente. Sobretudo da publicidade tablóide, onde ocupava anúncios opulentos, espampanantes. Indicando múltiplos contactos telefónicos e consultórios de Melgaço até Faro.
Agora soube-se o que aconteceu. O Professor Bambo foi acusado de uma colecção de crimes de extorsão ou coacção e julgado no Porto. Mais precisamente por, após as suas consultas salvifícas custando a insignificãncia de 40 euros, vir sugar, por meios tremendos de atemorização, verbas exorbitantes e ruinosas aos seus clientes.
Tudo indica ser-lhe-á suspensa a execução da pena em que irá condenado. Mas a Magistrada do Ministério Público endereçou-lhe uma salutar recomendação, aliás em forma curiosa e dignamente expressa: «deixe este País empobrecido. Já nada temos para lhe oferecer»!
Ainda assim, a publicidade dos jornais continua a ser elucidativa: naquelas páginas a quadradinhos coloridos e desbundados, num cantinho mais recatado, a horda dos videntes surge invencível. Alguns anónimos, cautelosamente contactáveis por telemóvel apenas; outros fazendo reclame às claras: o Mestre Sila, os Professores Mumiro, Soriba, Conte e Suaré.
(Este último, em especial, assusta decuplicadamente...).
E se os governantes querem legislar para além do Orçamento e premencias quejandas, porque não atentar neste género de baratas a parasitarem quantos apartamentos Portugal fora?