Contra a maré
São as tais questões que não podem ser decididas em Lisboa, é lá (cá) na terra! Se Vizela conseguiu, porque não há-de as Taipas ser concelho, também? Um outro a cindir-se do de Guimarães?
As Taipas cresceram em volta de umas termas. É uma vila - está lá, na placa da estrada: Vila das Taipas - mas não é freguesia, porque essa chama-se Caldelas. Ainda assim, percorrem-na ventos independentistas. Sem dúvida, mais uma «velha aspiração».
Talvez tudo fosse conciliável. Havendo boa vontade e algumas concessões de terra por parte dos vimaranenses e dos bracarenses e famalicenses. Somente, teria de ser um concelho dos bons velhos tempos pré-partidocratas. Com capitão-mor, juiz de fora e juiz dos orfãos, uma chusma de clérigos vagueando em seus sítios, muita lavoura, albergarias bem guarnecidas. Sem desemprego.
Muita gente viria de longe assistir. Meirinhos e aguazis manteriam a ordem. Na vila das Taipas os automóveis não seriam consentidos: quando muito o trotar dos cavalos. Além das famosas mulas do almocreve, tantas vezes requisitadas para trazer do rio Ave, que atravessa a vila, uma fartura de cabazes do melhor peixe.
E, garantidamente, seria de olhos postos nas Taipas que o Governo encetaria, enfim, uma reforma administrativa condigna. Muito aconselhado, verdade se diga, pelo mestre-escola local.