Arte xávega
«(...) o quotidiano retomava a sua habitual compostura - sem esquecer a boina e a flanela axadrezada das grossas camisas atadas pelo umbigo. Agosto mirrava, queimavam-se os últimos momentos da fartura piscatória. E com que girândola! Nessa manhã de inspiração em que, esvaziada a rede, sob aqueles saltitantes milhares de peixotes de palmo e meio, uma corvina soberba jazia inerte, sufocada no frenesim dos mais espertinos.Um clamor prolongado encheu a praia. (...) Levada em mãos - não havia cabaz que a comportasse - suspensa pela guelra, (...) todos ganharam, à ceia, o direito a uma rodada especial de aguardente»
(De Entre as dunas e os anos, in Contos do Tempo, ed. DG Edições, 2008)