Aromas da cidade de antigamente
Acho muito bem continuemos a ser assim, sentados à mesa. Vitaliciamente sentados em volta do que mesmo a miséria que não podemos ignorar - nunca conseguirá esquecer. A mesa e o bacalhau, aquela roda imensa de vegetais cozidos a prestar-lhe vassalagem, o calor dos que nos dizem algo, o do tinto bem escolhido também, e a apoteóse, as rabanadas, o bolo-sempre-sempre-rei, mesmo a excentricidade do cálice de Porto. Natal adiante até ao Ano que aí vem.
Montras à feição das Festas não são destrutiveis. Lugares onde os géneros se escolhem um a um e se desconhece essas práticas desumanas da embalagem em série e da fatia já cortada. Um foco luminosíssimo na escuridão que se abate sobre a cidade de antigamente. A alegria de muitos, quiseram décadas de irresponsabilidade política não seja já o bródio de todos.
Talvez fosse até de omitir estas palavras de bem-estar, tão longe andam tantos da possibilidade de lhes sentir o sabor.