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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Manhãs de "nevão"

João-Afonso Machado, 28.11.12

Caminhos matinais de Novembro sem a chuva a enlameá-los. O sol tarda, pêco, jã não conseguindo clarear todos os recantos. É o tempo das nossas neves perpétuas, nascidas da terra fria, gélida, eterna de memórias onde os pés petrificam. E o mundo correndo para trás, diante de nós, em passos gravados nesse branco gemebundo, triturado. Há um eco de aguardente sobre os grihões dos madrugares de trabalho em que até os coelhos esperavam horas menos hirtas para roer as suas ervitas. E o bafo inesquecivel fumegando nas voltas do cachecol, no maquinar das botas contra o solo porque a camioneta se atrasara e o liceu começava tão cedo...

Décadas e décadas depois, a geada não morreu. Ainda hoje a vi, na sua alvura de viagem irremediável por caminhos à margem do comboio. Mesmo antes do aquecimento global, na fronteira logo ali, justo antes de Ermesinde.