O Tamisa cá da terra
Vem de norte para sul e já só quase o recordo sujo e enfeitado de plásticos na vegetação das suas margens. Dizer que se trata do rio Pelhe há de ser tão necessário quanto referir os seus congéneres que banham Lisboa, o Porto ou Coimbra. Ou outros quaisquer, mundialmente famosos. Mas este pecava do lastimável defeito de estar morto. Defuntíssimo! Pasto apenas de toda a parasitagem que ronda os cadáveres e neles se alimenta.
Agora não. Como continuar assim, de resto, atravessando ele o Parque da Deveza na cidade de V. N. de Famalicão?
Foi um trabalho aturado, quer de tratamentos residuais, quer de sensibilização das empresas e da população. Com uma avaliação constante dos níveis de impureza das suas águas. E o resultado da análise mais recente: limpas, lavadas, aptas para o mergulho.
É como se as azenhas e os moinhos houvessem ressuscitado. Da minha investigação, ribeiro acima, descobri já um pesqueiro de gordos escalos e alguns daqueles recantos mágicos onde as trutas se adivinham nas areias dos fundos ou num ziguezague entre tufos de ervas subaquáticas.
Na época própria, um curso assim vale mais do que mil praias. Apenas acreditemos em outros modos de encarar Portugal. Ou que há vida para além da crise. E da politica e dos politicos das pedras da calçada.