Sob a poeira da mentira
«Enquanto à inviolabilidade do chefe do estado oferece-nos expor o seguinte:
Há um cidadão a respeito do qual é permitido ao jornalista mais timorato ou mais covarde escrever quotidianamente as alusões mais aviltantes, insinuar as calúnias mais pérfidas, apontar os insultos mais profundos, sem o mínimo risco de que o agredido tente no dia imediato esbarrar a cabeça do agressor sobre o delito respectivo. Esse cidadão é o rei.
Difere singularmente da educação dos outros homens a educação dos reis constitucionais. Os outros homens desenvolvem a sua razão para acertarem com a escola de uma religião ou de uma politica; o rei cultiva a sua razão unicamente para a sujeitar à política e à religião que lhe derem.
Os outros homens criam as suas ideias para as fazerem combater e triunfar; o rei dispõe as suas do modo mais conveniente para poderem submeter-se às ideias estranhas».
(Eça de Queiroz, As Farpas, Julho de 1871).
E, no entanto, decreta a verdade histórica oficial:
- Em Monarquia seriamos todos súbditos, uns escravos, afinal;
- A liberdade de expressão de pensamento, mormente através da Imprensa: uma conquista da República;
- O Rei enchia a pança. O povo morria à fome. A educação servia para manter esse status quo;
- A Coroa impunha. Nós submetiamo-nos;
- Mário Soares e os seus antecessores e sucessores é que são bons;
- António Reis e a longa lista de maçons, passados, presentes e futuros, são e serão, sempre, uns profetas e libertários. Portugal é-lhes devedor.
Lá que Portugal é devedor, isso é...
E o nosso velho Eça ia dizendo de quem não.