Reviver o Passado em S. Bento
Lembro perfeitamente os jovens professores liceais, uns exaltados da FEC-ML, a arregimentarem os alunos para o boicote de mais à noite. Lembro o cerco ao congresso do CDS no Porto e a façanha contada por esses mesmos pedagogos, na manhã seguinte, num entusiasmo de justiça e equidade, incendiados e voltados de rodas para o ar apenas os Mercedes, os Fiat 600 eram do povo, intocáveis por isso.
Lembro as hordas comunistas do PCP, da UEC, da UDP, do MRPP, da LCI, invadindo ululantes oa comícios dos partidos ditos fascistas (Morte!, Morte!), não outros senão o CDS e o PPD. Lembro a quase clandestinidade daquele e os esforços deste para se equilibrar no centro-esquerda (ele há cada uma...), a ver se um ligeiro odor socialista o poupava a maiores dissabores.
Lembro tudo o que os meus olhos olharam e os meus ouvidos ouviram, e a pétrea e ameaçadora verdade da Esquerda proclamava ao contrário, entre acusações-justificações de manobras e provocações reaccionárias a que as forças democráticas e populares assim punham cobro.
E revivo agora esses tempos de violência constante na turbamulta arrancando as pedras da calçada, arremessando-as contra a Polícia, mais uma hora de revolucionarite aguda, ali a poucos metros, embuçados, insultuosos, o que foi aquilo tudo senão agressão pura, destruição manifesta?
Revivo, por isso, esse período tenebroso nas palavras descaradas de quem nem perante as imagens televisivas se envergonha e se veda. Por fanatismo, decerto. E por ganância de quantos, mesmo participantes na festa, andam agora por esquadras e tribunais esgrimindo argumentos do mais refinado aço do oportunismo e da mentira marxista-leninista.