De fora para dentro
E um dia finalmente percebemos. Quando - decerto a medo - embarcamos e nos vemos ao longe, fora de nós, a nós próprios. Ao espelho, dirão os mais distraídos, não se dando conta de que de imagens reais e palpáveis se trata.
São os nossos olhos, é a nossa voz, vendo e falando do exterior para dentro. Sobre a inconsistência da água, debaixo de todos os imponderáveis da surpresa. Encarando um bloco firme, o magma de que nos nasceu a alma. Talvez às vezes necessitando, então, de mãos firmes no cordame afeito às vagas do mar.
Mas daí ao enjoo vai toda a distância de uma tempestade. Tão salutar é avaliarmo-nos cá de baixo, contrariando o hábito do topo do monte, onde não raro nos confundimos de grandeza em excesso.
No regresso a terra, a consciência das marés e da erosão. E de que a todos é dado um tempo de resistência, também. O tempo de construção do Futuro.