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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Eanes ontem - no Passado e no Presente

João-Afonso Machado, 26.04.12

Nessa altura Sá Carneiro era a uníca hipótese credivel de um estadista à altura, face ao Portugal sobrante do PREC. E Sá Carneiro, tolhido por uma Constituição espelho das imposições ideológicas do MFA, por um Conselho de Revolução igualmente castrense, Sá Carneiro sempre de olhos postos na Europa livre, não podia contemporizar com o Presidente Ramalho Eanes. Um homem sisudo, um espaventoso par de patilhas, acima do mais um não-político profundamente influenciável. E cujo principal conselheiro e mentor era - azar dos azares - Ernesto Melo Antunes. Por tudo, Sá Carneiro "declarou-lhe guerra", no decurso da qual, aliás, morreu.

Assim aprendemos a não gostar de Eanes. O bizarro Presidente da República que recomendou aos portugueses Salgado Zenha como seu sucessor, num inesquecivel assomo de eleitoralismo. O ingénuo dirigente do PRD a cuja iniciativa de apresentar uma moção de censura ao Governo deve Cavaco Silva a sua primeira maioria absoluta. Enfim, o palavroso de então, o alvo dilecto das caricaturas - livros inteiros delas... -  de Augusto Cid.

Mas os anos foram passando, as patilhas de Eanes tornaram-se menos ostensivas, o seu discurso menos rebuscado, a sua discrição impossivel de não ser enaltecida. E, já à luz da História, o personagem tornou-se simpático e honorável. Sobretudo honorável, sem dúvida uma boa escolha de Fátima Campos Ferreira, ontem, para a sua entrevista televisiva.

Recordaram-se esses conturbadíssimos tempos. O 25 de Novembro, os seus antecedentes e o que se lhe seguiu. Sem papas na língua.

E com um breve momento que é outro ponto de ordem no Portugal pós 25 de Abril. Quando, justamente, perguntado sobre Mário Soares, Ramalho Eanes declarou ter perdido a estima pelo soba socialista depois da leitura do «livro de Rui Mateus».

Chama-se esse livro "CONTOS PROIBIDOS - MEMÓRIAS DE UM PS DESCONHECIDO". Que é como quem diz, a denúncia do verdadeiro Mário Soares e da sua rede de influências e clientelismos. O único livro em Portugal cuja edição se esgotou num dia só - aquele em que surgiu nas bancas...

Agora disponível na Net, porém.

 

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