Uma breve escapadela
Dois dias penteados com vento norte, cabelo assente pela lingua da Costa Nova. Dias marítimos, a bordo, levando a máquina fotográfica no lugar do colete de salvação. As embarcações, de um modo geral, oferecem três perigos: dois são o entrar e sair delas, a escorregadela, o trambolhão; o outro é simplesmente a morte, ocorrendo o seu naufrágio. Fora esses momentos menos agradáveis, são a paz, os segredos da ondulação e a maresia e as imagens.
Na Ria, a maré baixa traduz-se numa espécie de Vietname desarmado, a não ser de lodo. E as aves nele e no ar, substituindo helicópteros e caças. Apanham-se lá ostras; mas sente-se a falta dos caimões e das serpentes, dos nativos acenando das margens, de alguma tragédiazinha natural, qualquer desaguizado entre répteis e humanos.
(O veleiro francês, já veterano, um rapazola desgrenhado ao leme, a miúda como uma sereia figura de proa, depois de passar o Forte da Barra, pensando em atracar, e a nossa Polícia pensando no que viria lá dentro, ia haver rusga... As águas também ocultam muita malandrice no calado dos navios...)
Lulas em S. Jacinto, menos furos no cinto - um ditado popular da minha autoria. E, a ajuntar aos planos para o próximo Verão, - as lontras do canal de Mira.
E que espantoso banho de ar fresco! A limpar-me a derme desta tuberculose que me tolhe na estufa do Interior, quedo da raiz às folhas mais novas. Foi o mar e o Caramulo, sacrossanta coligação contra Cacia.
Para onde, a próxima escapadela?