Hoje podemos jogar à bola
É uma vida diferente, mas uma vida melhor, seguramente mais arejada e conversada. Com todas as necessárias cautelas, voltou-se à rua. Quase todos... - do funcionalismo público escassas notícias há. E não é que as pessoas delirem com o programa, mas temos prazos, incertezas, burocracias..., e tudo o mais que esse velho pirata, o Estado, vem inventando para nos atazanar.
Foi bom, de qualquer maneira. De repente a cidade (esta nossa capital concelhia) acordou barulhenta e movimentada. O comércio, quase todo aberto, com um aviso pregado nas portas, lembrando a obrigatoriedade das máscaras. Assim vai o novo mundo, posto atrás de uma cortina que enche os óculos de nevoeiro e abafa as falas, às vezes escorrega nariz abaixo.
Talvez tudo seja uma ilusão. Um recreio, um intervalozito de descanso em mais um difícil exame da vida. Aliás, de longe o mais complexo da minha geração. Somente, era imprescindível, esse coffee break, e as consequências virão a seguir, não sabemos se boas se más.
Os números mais recentemente apresentados não tranquilizam: os infectados aumentaram e muito. Mas, como diz um amigo, a pior epidemia ainda é a do pânico. Ou então o lamiré sempre dado - Vai correr tudo bem... - assim como quem, cheio de medo, enfia a cabeça na areia.
Até nova ordem, gozemos disciplinadamente estes dias de liberdade tanto quanto. O pânico é muito doloroso, mesmo para quem está à volta. Dispõe de vacina, mas a seringadela doi que se farta (conquanto se lhe siga uma tranquilizadora sensação algures entre o desprezo e a comiseração). Quanto ao alheamento da realidade... não se recomenda nem a uma dona de casa!