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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

"Vai ser já"

João-Afonso Machado, 28.05.20

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Mandam os dias em ponto grande, a renderem muito, e o calor que faz, é tempo de férias. Pode até não ter sido ainda declarado aberto o período oficial de banhos, mas as férias não são só praia. Muito menos Julho, Agosto ou Setembro, apenas.

De resto, vamos percebendo, este ano as férias balneares, hão de nos infernizar mais do que uma ida aos Correios (desculpem-me as meninas da agência famalicense, sempre simpatiquíssimas). Será também, com certeza, necessário tirar um ticket para mergulhar nas ondas. As mães, acompanhadas dos respectivos filhos, terão preferência. Os cavalheiros de antigamente cederão o seu lugar às senhoras… Com tudo isto, sabendo que se quer o distanciamento entre as pessoas, não me sai da ideia os magotes de laranjas da Carris circulando mar fora.

Quanto a praia, este ano, só esporadicamente, aqui perto, e se surgir alguém comigo, à pesca de um peixito grelhado – e não besuntado de gel.

No mais, conduzir-me-ei ao estatuto de monge tibetano famalicense. Recolhido à minha cela, meditativo, contemplativo. As férias são um bom momento para ouvir, cheirar, sentir, a rebaldaria do mundo lá longe. Para revisitar os cantos da casa, aprender a dar nota do reanimar da cidade. Isto tudo, claro, se a cidade sair para férias. O que deverá acontecer a pequena escala, salvo fugazes escapatórias ao tal peixe grelhado. Ainda assim, prevendo-se um verão muito quente, as pessoas andarão recolhidas, mortiças, e não seria má ideia esta fase final da I Liga de futebol fosse transmitida em canal aberto. Ou então, convide-se o Dalai Lama – e meditemos, contemplemos todos.

Ocorre-me, entretanto, não haverá descanso para grande parte dos que tentam evitar o País entre no caos económico. É um pouco nesta ordem de ideias que organizei os breves dias da minha ausência. Já em Junho, correndo adiante de multidões munidas de tickets, e por caminhos delas pouco conhecidos.

Quais sejam esses caminhos, é o que contarei, em pormenor, no meu regresso. Direi apenas, são rotas estritamente nacionais. Nem um pezinho no mar nem, tão-pouco, do outro lado da fronteira.

Os preços, à míngua de procura, estão muito bons. Continua a assistir-se a uma vaga grande de estabelecimentos que não reabriram, não viram condições para tal. Os apostados na aventura merecem o apoio que cada um de nós lhes possa prestar. Ir, almoçar e jantar, dormir e prosseguir. É dinheiro que não sai de Portugal, por cá girará, de estalajadeiro para o merceeiro ou o carniceiro, e destes para a senhora florista… E por onde passar, esse dinheiro (não os meus parcos cêntimos, é óbvio), animará o comércio, fomentará as transacções.

Em suma, fazer férias cá dentro. Não transmitindo o segredo à estrangeirada, é deixá-los vir, de saúde enxuta.

Eles são, de resto, os primeiros a reconhecer os encantos de Portugal. Dos quais, insisto, ainda haverá um capítulo seguinte. Delineei o rumo, parto entusiasmado.

 

(Da rúbrica Ouvi nas caminhetas, in Opinião Pública de 28.MAI.2020)

 

 

Esperando agradar, só queria um beijo...

João-Afonso Machado, 27.05.20

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A gente até se demora no malfadado telemóvel. E eles por ali, gozando o passeio, fitos nos saltos das rãs. Numa excitação que lhes provoca sede, um dar à língua sôfrego na borda do lago. A pequena, então, olha para mim, esperando qualquer coisa - mesmo um esticar de queixo muito prognata, ou apenas um monossílabo, «Vai!».

E ela vai. Mergulha afoitamente, debate-se cheia de músculo na atrofia dos nenúfares. Depois regressa e, ao sacudir-se, presenteia-nos com uma chuveirada das valentes. Mas não há como ralhar àqueles olhos. Os cães são muito sensíveis do que nós, mesmo o menos sagaz perceberia: a pequena sabe que o espectáculo é apreciado, gosta de agradar, anseia agora por um gesto à altura.

- Muitos parabéns! Linda! Linda menina, valente! - E é mais uma lambidela torrencial, umas calças enlameadas, o toquinho dela a dar-a-dar e nova corrida para a água. Lá dentro, antes da volta, o tempo ainda para toda a ternura do mundo posta nos seus olhos. Assim uma santa tarde na paz do Senhor.

 

Caro Zé! - espera só mais um ano

João-Afonso Machado, 24.05.20

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Para este escrito fui buscar uma das minhas canetas de eleição. Uma peça rara. Assim ela cumpriu e correu no papel sabendo falar do que me vai na alma. Qualquer coisa como 48 anos de obscurantismo, - uma ditadura, um 25 de Abril resultante dos quilómetros e do acaso. O reencontro com a democracia - caneta metafórica! -  a tal que não ignora os paradeiros.

Sou um gongórico!

A minha caneta também, carregada de tinta do tinteiro que vinha no estojo, mais a beleza de uma sinfonia CD do Mozart. À grande é assim, presente de amigos de sempre. No caminho para onde vão os meus anos, a dita caneta dormirá no meu bolso. Velho, engravatado à inglesa, resmungão e pouco dado.

Sou um gongórico! Já se percebeu porquê.

Por tão rebuscada introdução só para só para contar, há dois ou três dias reencontrei um amigo, no fim da tal longa noite fascista. Tão somente.

Ele veio cá em serviço. Almoçámos. Vale a pena acrescentar, o seu gosto ia para o branco seco. Eu opto sempre pela casta moscatel. No mais, a politica é uma velha sem conversa. O Reino (de ambos, e nisso só) foi mandado pela gastronomia e pelas memórias.

Falou-se de quase tudo, o tempo era curto, Lisboa no hemisfério sul. Trocámos livros da autoria de cada um. E fizemos como o zé-povinho perante o Sr. Covid19 - um manguito, leia-se, um grande abraço final. Nenhum tinha tossido..., e ambos estávamos com vontade de comer. Deus quererá - em próxima ida a Lisboa, uma festança daquelas.

A minha caneta, pouco habituada a grandes lavores, diz-se cansada. Vai daí, - até breve meu velho!

(Só mais um pingo, caneta, - a lampreiada não fica esquecida, é por minha conta.) 

 

Por aí...

João-Afonso Machado, 22.05.20

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Quando não há cometas nos arredores, a Ciência vira-se para a Zoologia. Agora mesmo anda-se interrogando, quem melhor capacitado para dar transporte, alimento e guarida a pulgas e demais parasitas.

Assim a Ciência aprendeu sobre a fertilidade entre espécies. Cruzando caninos com ovinos, obteve formidáveis guardadores de casas e tosadores de jardins. Além de um majestoso palácio de carraças ao mais puro estilo manel.

 

"Ausência"

João-Afonso Machado, 20.05.20

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Um dia se soube de madrugada

o granito era finito,

mesmo a rocha era nada.

 

Mesmo as cores,

um primeiro sinal, olhos enganadores

do verde musguento nos penedos, acastanhado,

 

vai-te dama posta na cama, animal em cio,

barulhento, ensujado.

 

Porque isso e tudo o mais são arredores!

 

O mundo é o azul do céu sem fim.

Só! – calado nicho de amores, Mãe, em pó do mantéu aberto em mim

 

súbito devoto assim.

 

 

"Lá longe, ao cair da tarde"

João-Afonso Machado, 19.05.20

Dos mais bonitos poemas e cantares do fado de Coimbra (e não venham com histórias, Coimbra tem o seu fado, o dos estudantes, - estudantes há muitos..., é por isso mesmo, - como só na Lusa Atenas podia ser fabricado), um desses mais bonitos poemas e cantares, dizia, está nas estrofes que se seguem, sendo que desconheço a autoria desta proeza escrita e pautada:

Lá longe, ao cair da tarde,

Vejo as nuvens de oiro

Que são os teus cabelos

 

Fico mudo ao vê-los,

São o meu tesoiro,

Lá longe, ao cair da tarde.

 

E vou lembrando aparições, no tom prolongado do fado, serenas aparições de gamos em pastos domésticos a cortarem-me as palavras, quase acreditando em divindades da Antiguidade greco-romana.

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Se calhar na avidez de uma vida diferente, anacrónica. Onde o que é impossível não seria. Num ocaso inesquecível, o início de uma nova era:

Lá longe, ao cair da tarde,

Quando a saudade

se esvai ao sol poente

 

Como canção dolente

De uma mocidade,

Lá longe, ao cair da tarde.

Seria o retorno de andanças antigas. E a paz do olhar da mulher mais bonita.

(Passeiam-se meninas lindíssimas, namoradeiras, nesta vista tão vesga, voltaria ao namoro delas as vezes que fosse preciso.)

E ao resto, seriam caminhadas, espingardas, os cães e o pão e chouriço, o vinho mais a água da fonte. (Uma fonte, ambrosia!) Seria outro planeta, ou este começado do início. Mas seriam pessoas, animais, a pureza do ser, o ameno regresso a casa e antes a benção do Reverendo Abade a ofertar a mesa, chá e torradas, ladrilhos de marmelada. Tudo "derivado" (como sempre escreve Lobo Antunes) ao gamo, jovem mas já a querer pôr-se nas burras, o malandro.

Lá longe, ao cair da tarde...

 

Por aí...

João-Afonso Machado, 16.05.20

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Sou saloia, fui da pesca. Eu mais o meu homem não havia dia não fossemos ao mar pelo peixe, estivesse ele chão ou mais alevantado. Até aquela vez de uma onda lambona, traiçoeira...

O meu homem, quando o tiraram da água, morrera já. Escapei, tolhida pelo frio, molhada até aos ossos e viúva. E sem o meu homem que hei de fazer agora senão esperar a ferrugem e a velhice me levem depressa para junto dele?

 

"Tempos rotinados, maçadores"

João-Afonso Machado, 14.05.20

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Maio vai a caminho de metade e este fim-de-semana apanha-me não especialmente bem disposto. Há de ser o vírus, rondando por aí, confinando as nossas ideias, quando veremos, de uma vez por todas, o F. C. Famalicão a jogar novamente?

No dealbar desta macabra história, havia encontro agendado com o F. C. do Porto. As semanas entretanto corridas têm o peso enorme das décadas, dos séculos, e proporcionam a vaga lembrança de um tal Pinto da Costa, sempre polémico, ainda vivendo, o Presidente do clube que seguia à frente na Liga principal. Mais recordamos, dada a volatilidade com que os jogadores mudam de camisola, apenas os nomes de dois ou três dos seus craques. Quando valerá a pena regressar aos jornais, analisar cientificamente as tabelas classificativas, fazer cálculos, estimativas e estatísticas, sonhar com o FCF na Europa? Tudo isto às voltas com uma cerveja, numa roda barulhenta de amigos no café…

Da televisão escapam-se notícias extraordinárias: parece que o Governo se prepara para cercar Fátima, conquanto sem propósitos persecutórios; tratar-se-á, apenas, de colocar barreiras à vinda dos peregrinos. Do meu ponto de vista, esta República está a abusar um pouco do seu laicismo, mas estou pronto a retirar o que digo se a outras crenças, lá mais para o fim do verão, também recusarem as romagens respectivas…

Chove. Os meus óculos não são dotados nem de desembaciador, nem de limpa-párabrisas. E o ir às compras impõe o uso da máscara, impossibilita-me a condução pedonal em dias assim molhados. Ainda por cima, isto é seca para permanecer, os números da expansão da Covid19 nada de bom pressagiam. Consegui marcar para uma semana depois o corte de cabelo na barbearia…

Valem os livros, o papel e a caneta. Vale a terra mole de hoje para não escalavrar o bico desta com que escrevo, coisa macia, requintada, uma pechincha de há muitos anos em loja a liquidar… Assim se vai arrastando o fim-de-semana. Com um nico de sorte acompanhado dos perdigueiros (cujo faro não alcança coronas, felizardos deles) e da ultimamente tão desaproveitada máquina fotográfica.

Enfim, para não terminar em desgraça completa, sempre lembrarei, Famalicão parece mais compostinha no capítulo dos números da doença. Estabilizou em trezentos e bastantes contaminados e vão lá semanas não sai daí. Mais: há cinco dias, dados oficiais de agora, não se verifica algum caso novo. Não sei de muito mais, nas caminhetas as vozes resultam abafadas pelas mascarilhas. A gente já nem conhece a gente! Mas não ouvi falar da morte de alguém, oxalá possamos dizer – pas de nouvelles, bonne nouvelles… É o que mais desejo aos meus conterrâneos, do fundo do coração, e, se contaminados, ao menos necessitem apenas de permanecer em casa. Assim também, claro, para todos os portugueses, arrumemos com esta porcaria daqui para fora o mais depressa possível, que muito há para carpinteirar…

 

(Da rúbrica Ouvi nas caminhetas, in Opinião Pública de 14.MAI.2020)

 

 

Da toca da raposa...

João-Afonso Machado, 12.05.20

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... Fogem cinquentenárias lembranças de um buraco enorme e muito concorrido, a avaliar pela terra solta na entrada. Havia um outro, ao lado, e os fox terriers da nossa meninice, ali chegando, davam em doidos, sumiam cavidades abaixo e regressavam às recuas, danados porque as raposas lhes tinham trocado as voltas.

Volvidos 50 anos, o buraco está lá, tragado pelo folhedo que se acumula, pelos musgos, carcomido e mirrado na sua velhice. Mas permaneceu, mesmo em ruínas, como um verdadeiro castelo raposeiro, provavelmente cheio de fantasmas e histórias. Como aquela que decorre num penedo mais acima um pedaço. O Pai era ainda rapaz novo, fazia a sua espera e a raposa apareceu. Ficou ao primeiro tiro, estendida, moribunda, e o Pai, para poupar um cartucho, resolveu pôr fim ao sofrimento da bicha com um golpe da coronha da espingarda. O resultado foi a mesma se ter partido e o arranjo subir a uns 200$00, elevadíssimos à época.

O Pai gostava de batidas. Todos os anos organizava duas e acompanhei-o muitas vezes. Puxei-lhe a manga a chamar a atenção para uma ladina que se esgueirava, sorrateira, nas suas costas. Lembro o tiro, a cambalhota dela no ar, os muitos galgos e podengos das matilhas de Fradelos.

Nos meus 15, 16 anos tive, por fim, autorização para participar armado com a velha espingarda do Bisavô, que o Pai depois me ofereceu. Uma arma francesa, de cães, lindíssima, hoje exposta em repouso da sua intensa actividade venatória. Dava-me boleia o fiscal do leite, que Deus tem, velho malandrim sempre obsequioso, na sua furgoneta rumo aos montes das grandes freguesias a poente.

Raposas, via-as aos milhares, povoando já mortas ou ainda vivas a minha imaginação. Mas só aí... Muito posteriormente comecei a frequentar batidas na Região Centro, onde sobretudo cacei pratalhadas de feijoada no imprescindível almoço de confraternização final.

Mais tarde, ainda, convenci-me as raposas não são animais para abater. Meritoriamente espertas, bonitas, graciosas, o seu fim nem o argumento da samarra o justifica, até porque já tenho uma. O dos ataques aos galinheiros também não, as penosas põem ovos suficientes para satisfazer o conjunto inteiro da Humanidade e da Raposidade. Além de que as lixeiras nos povoados proporcionam hoje um cardápio variado, gourmet, que as nossas amigas de longe preferem.

Por isso muitas deixei já passar em montarias, finórias, as primeiras a escapulirem-se das matilhas, lampeiras, descaradas às vezes. Mas enfiar-lhes uma bala para quê? Aliás, nas montarias hei sempe o azar de empunhar a arma quando passa um animal fotografável; e a máquina em maré de bicho bravo a jeito. Não haverá pacifista que se incomode com a minha presença em tais ocorrências...

Fecho a tampa da caneta já cansado de tão longa caminhada. E olho para trás: pouco me acompanharam até ao fim... Vou pensando nas teias de aranhas, nas centopeias, nos ossículos que a velha cova, ainda mais espremida, guardará nas suas entranhas. E tomado pelo pó das décadas, lembrando raposas quase da minha idade, os latidos do Bi, da Bisca, do Jau, tossicando saudades e mais saudades, abro uma cerveja a recompor-me. À vossa!!!

 

Lembrando prognósticos antes do jogo

João-Afonso Machado, 09.05.20

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A falar verdade, já não sei onde está o grande barómetro do Pai, esse em que, mesmo antes da electricidade e da televisão, se deliciava, ou desanuviava o espírito, à conta das eternas vicissitudes da lavoura. - A pressão está a descer, isto vai mudar, - calculava o Pai, com aproximações até uma semana, normalmente bem sucedidas.

Eu não procuro o barómetro do Pai, do mesmo modo que há lugares onde me custa entrar, ou sons que prefiro não ouvir. De resto, sei ler um termómetro ºC e viv'ó velho...

Mais pronto e mais verificável era o prognóstico da Avó, assim soasse o longo apito da automotora: - Amanhã chove! - proclamava com a certeza que tinha em Deus e em todos os anjos do Céu.

Ventava do sul, do lado do apeadeiro, a uns dois quilómetros de nós... O barrir dos comboios, o matraqueio dos carris, enchiam a noite escura, juntamente com o alarido dos cães. Do postigo da casa-de-banho, viamos-los ao longe - tão ao longe como as férias, os amigos, o Bonanza ou o Chaparral... - furando o breu como um pirilampo e a sua numerosíssima família. Sempre convictos, entre aquelas janelinhas iluminadas, a essa hora, ninguém viajaria. Só de pijama, talvez, já a lavar os dentes para se enfiarem na cama, em Nine, Braga ou Valença.

Ainda ontem lá passei no apeadeiro. Seria impossivel, à Avó, prognosticar o seu estado actual. Sem passagem-de-nível, sem a venda da Laura, que morreu centenária. Com a graça das coisas desmantelada como o mais pífio «material circulante». Sem vivalma: apenas com uns letreiros electrónicos e, muito fanhosa, uma voz que repete avisos e informações. Qual quê?!, os colarinhos coçados, a gravata sebenta, nas bilheteiras de antigamente! E as «composições» não andam, - deslizam. Às vezes nem param, numa esquiagem sibilina até Lisboa. Fatalmente a abarrotar de gente. Entre taludes de plástico decerto para prevenção dos ataques dos índios ao cavalo de ferro.

No tempo dos cowboys havia sempre lugar sentado para sonhar o sonho todo ou ler o jornal inteiro. As «motoras», equipadas «à Braga», iam para norte, voltavam para sul, sujas (mas não grafitadas), tresandando a tabaco, elas mesmo fumegando pela chaminé. No entanto, não consigo diagnosticar, apesar de tudo, como que se chama esta saudade desse viver.

 

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