Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Mais um anito, Marco

João-Afonso Machado, 03.08.19

IMG_8897.JPG

Eles já pedalam outra vez e eu vi-te na televisão, finalmente, depois de anos seguidos apenas ouvindo o teu imenso anasalado saber - o que tu sabes, Marco!, essa tua enciclopédica torrente de esquemas tácticos e estratégicos, a geografia inteira do nosso Portugal, um cultura geral que impressiona pela sua latitude.

Mas estás mais velhote, de cabeça pelada e uns quantos sulcos na cara. Deixa lá, estamos todos... Há quantas décadas deixaste a prática velocipédica, Marco, depois de umas tantas Voltas ganhas e, se bem me lembro, de um ou outro escandalozinho com o doping?

Ficou-te a voz, a tua inesquecível voz, que tão bem vai com a musiqueta de sempre das reportagens televisivas sobre a prova e as imagens iniciais, antigas, pretas e brancas, vergadas ao peso das bicicletas, nada era como agora. Nem mesmo o público, proibido de se despir nas bermas das estradas. Mas numeroso, sempre, a Volta é um enigma, ainda não percebi porque gosto da televisão especialmente no tempo da Volta, e tudo seria diferente não estivesses lá tu, Marco, o mais famoso fanhoso nacional.

(Há um outro, também muito conhecido, mas nada percebe de bicicletas e, ao contrário de ti, é um grandessíssimo malcriado, dado a negócios menos limpos.)

Continua, Marco. Fala-nos todos os dias das «dorsais», das «fugas», do pelotão, dos «heróicos esforços» dos corredores. Temos-te para quinze dias! Manda um abraço ao Vidal Fitas, que com esse nome já ninguém o tira da História pátria. E diz-me, Marco, a edição deste ano volta a estar para os da W52/FCPorto... Sim?! Porreiro, pá!

 

Viajando no Tempo

João-Afonso Machado, 01.08.19

IMAGENS 343.jpg

Arrisquei tudo, essencialmente o regresso. Mas que poder!, o da máquina sobre nós... E um dedo no botão fatal, um zumbido insuportável, as ideias em agonia - estranha mistura do horror com o torpor! - até, por fim, o quieto cenário de 2010. Quando S. Martinho ainda reinava e ordenava a dragagem da baía, em vésperas de receber os seus hóspedes.

Aterrei na pontinha junto ao farol, muito poucos metros antes da queda que me transformaria em engodo para pargo do início da década. Nunca mais com retorno a este seu glorioso fim.

Aos poucos, a mente conseguiu arrumar-se. Sim, S. Martinho, o seu encanto de então. A Pensão Americana ainda servindo pequenos-almoços, tardes suadas, noites prolongadas, um aluvião de biquinis sobre o areal e, nas águas, botes e botes e botes, todos eles baptizados. Era a memória recuperando a fala.

Mas, de súbito, um rumor longínquo, o da tempestade, da tormenta, meu Deus! a estridência de Os Pássaros de Hitchcock. A sua sinistra agressividade...

E foram só os segundos bastantes para me enfiar na máquina terrível e ligar os foguetes para casa! Home, sweet home...

 

Pág. 2/2