"Estrada de Benfica"
Sinais de cores petrificadas no tempo
dos domingos mortos e já sepultos,
ais! de amores
em horas paradas sem alento
onde viviam os anos ora adultos.
Lembra-me a leitaria,
os sons da Estrada que eu ouvia,
conta o relojoeiro, loja pequena,
um mundo inteiro,
as ruínas, pedras esquecidas em minas encerradas,
apressadas idas.
E onde estão as almas de então?
Onde estão?,
grisalhas já na reforma depois no caixão,
sob mortalhas a cumprir a norma
de morrer e logo partir,
como o ocaso a correr.
Estrada de Benfica, um milhão
de autocarros após e em carne a memória,
afinal a história somos nós,
não apenas os avós.
Nada já nos mortifica,
Estrada de Benfica.
Nada nos fere ou lanceta
em ti onde sempre radica
o reino da praceta.