Porque há muito além da praia
Agosto, um dos meses mais estranhos do mundo. Onde estou?
Eu responderia, não fosse o Tempo não ter lugar. Nem vagar. Viajo, aparentemente, há quase um século atrás. Os óculos não são novidade; a bata branca, a gravata, no auge do Verão, talvez sejam. A vida são os seus personagens, ou quem os encarne. Levo pressa, mesmo carregado de ferrugem e de pneus vazios - no extraordinário instante em que fui motorista do Hospital de Santa Maria e tantos contavam com os meus serviços. Qualquer coisa como beber esse sangue e pensar como funcionário de tal função. Onde fomos todos parar, senhoras e cavalheiros de há décadas, já então alquebrados e necessitando regulares visitas de saúde?
Não sei chamar a vida por outro nome. A vida é atenta aos anos que passam e a gente assobia. Mas a altura chega. Assim sempre, antes dos meus cabelos brancos, eu loirito então, e dado à malandragem. Algo mudou?, o Tempo desacelerou?
Falando por falar, agora mesmo sobrevoam-me as muitas centenas de perdizes que o meu Pai caçou...