Vouzela
Estamos no coração da velha terra concelhia de Lafões e da sua suculenta vitela - a vitela de Lafões, ainda agora. Uma vila em que poucos atentam e, por isso, desconhecem a sua História. Assim sendo, as suas belezas também. Pacata, despercebida, mantém os galões que lhe pertencem, e ali nasce, ainda hoje, a imprensa lafonense,
arauto de uma região vasta, quase toda enfiada no distrito de Viseu. Vouzela vive devagar. Vive carregada de flores ao longo de ruas bonitas e de muitas casas monumentais. O silêncio impera.
Enquanto descemos o empedrado, espreitando um lado e outro, de repente,
damos connosco já em cima do rio Zela. Limpinho, cheirando a água só, prometendo recantos idílicos, e nós já com uma vontade imensa de tornar a Vouzela, ducá-la no maior respeito, oh Duquesa!
A vila é pequena. Maior do que ela, a gigantesca ponte que lhe faz sombra. Onde outrora transitavam os velhos comboios da Linha do Vouga.
Porque vem de uma época em que se construía assim, de monte para monte, sobre vales e rios ocultos na vegetação. E os seus pilares, quais centopeias, tantos como num aqueduto joanino: o Passado, felizmente mantido presente.
Agora mesmo, uma velha locomotiva alemã de 1912, um vaivém de muitas décadas naquele trajecto, assinala, como um marco miliário, a antiga estação de Vouzela. O caminho-de-ferro, àquelas bandas, pereceu há muitos anos. A outrora ferrovia é pasto de ciclistas e pedestres. Não adiantam os saudosismos, o mundo é o que é...