Apanhados (XX)
Vinha chocalhando um bocado no paralelo. É da idade e dos tratos, do seu invejado sucesso nos idos em que se construía até no meio da rua.
O Mercedes 240D antecedeu uma certa desproporcionada moda das carrinhas. Sendo um sedan, um carro familiar, o seu utente era, por norma, apenas o condutor: um homem obeso, a rebentar pelas costuras, sem vagar para gravatas, poderoso lá na terra e com critérios estéticos algo duvidosos; sempre disponível para ler a legislação de pernas para o ar. Dizia-se dele, então, - lá vai o típico empreiteiro português.
E com o motor diesel, desses mesmo muito fumarentos, o Mercedes percorria mais uns milhares de quilómetros, a semear azulejos, amarelejos e verdelejos por toda a ruralidade de Portugal.