Alenquer
A estampa perpétua só ocasionalmente lá está - é a do presépio na encosta da vila, luzindo à noite, um marco de proximidade a Lisboa, nas antigas longas viagens pela EN1. Com Alenquer a manter-se imerecidamente um simples lugar de passagem apenas.
Indo com tempo, um dia, estranhei as multiplas alusões ao rio, não exactamente um Nilo ou um Amazonas. Barrento, acelerando em alguma correnteza. O tempo era chuvoso e, conversando com um ou outro alenquerence, percebi então a memória ainda vivissima das terríveis cheias de 1967, e de como elas dizimaram a baixa da vila e as suas gentes, nesse turbilhão de águas sem mais iguais.
Alenquer, que já teve dinossauros, neolíticos, romanos e sarracenos, e foi reconquistada por D. Afonso Henriques, é natural resguarde as relíquias do castelo de outrora e de outros dignos monumentos, como, logo - literalmente - à cabeça, o convento de S. Francisco.
E de cima ao fundo, do fundo a cima, uma curiosa sucessão de templos religiosos, a judiaria e uma teia de ruinhas e escadinhas, tudo o que a noite de antigamente não deixava conhecer, tal a presença do presépio.
Ali nasceu e acabou os seus dias Damião de Goes. E outras figuras de referência. Alenquer é um concelho recente, não obstante. O edifício da sua Câmara Municipal uma réplica do congénere lisboeta. Enfim, é grande a colecção de historietas que, com vagar, nestas bandas se podem saborear.