Arqueólogos do momento agora
O Duque nosso senhor morreu, dizem, - e não é verdade. O Duque é a História, são pedras aqui e ali, é também um símbolo, o Presente, e por isso mesmo o Futuro também. Não fora assim o que resta do seu Paço seria apenas material a usar em tolices quaisquer, e não o orgulho com que a terra o faz monumento e o acarinha.
E do cimo da sua muralha, o Duque contempla o Tempo. Ocorre-lhe a célebre gravura quatrocentista de Duarte de Armas, o palácio molhando os pés nas águas cristalinas do rio...; e as armas terçadas contra a poluição, tantos séculos depois de Alcácer Quibir, as boas novas da pesca ou da caça, a floresta eterna de então. Tudo aquelas aparentes - e tão faladoras - ruínas contam. Tem boa memória, o Duque Nosso Senhor. E na sua liteira de recordações transporta-se até amanhã, tranquilo de que a História vai com Ele. Atrás, tanta gente, todos os que nessas páginas, jamais findas, se buscam a si próprios.