O trono real
Eles são assim. Sentados na maresia, entretidos a contemplar o Continente, ante um canal calmo, de águas somente mortíferas de tão gélidas. No mais, tudo é a infinitude do Tempo e uma pitada de saudade, isso da fleuma britânica tem muito que se lhe diga. Quem deixou amarrado ao banco o ramito de flores? Lembrar o sulcar das ondas de quantas centenas de embarcações, a angústia da Normandia umas horas depois, o sangue que foi e se diluiu no mar... Ainda agora são gritos bem vivos!
Claro que a superioridade é deles, com mais ou menos pounds no bolso. São historicamente o baluarte de um mundo livre e de uma personalidade que não verga. Pedi licença e fui para a pontinha do banco, como num breve instante em que Portugal reinasse aquela desconcertante ilha.
Onde, afinal, a celebérrimo chá deu à costa trazido por nós, da raça dos improvisadores e de um canto que eu ando a cismar, ainda me ponho de coração a cantá-lo. Portugueses e britânicos, de tão diferentes, tornam-se próximos, absolutamente amigáveis.