Arouca
Eu mal acabara de chegar e preparava-me para o almoço. O cavalheiro arrumava a mota ao lado, e, vendo-me de máquina fotográfica ao peito, quis dizer coisas. Ali em baixo, era «a casa do Guterres». Sim, do António Guterrres... Demorei a perceber. Enfim, entendi, era o "solar" dos Vaz Pinto. E de repente relacionei tudo... O que se diz na Terra é que o ilustre político comprou a propriedade da Famíla da sua Mulher. Assunto que não é do nosso interesse. O edifício, é que não passa ao lado - chama-se a Casa do Burgo.
Porque é uma arquitectura que ilustra Arouca. Setecentista, com os moldes elegantes que ilustram a época. Tirei os retratos possíveis e larguei os olhos adiante, pela avenida arborizada, muito encabida, rumo ao centro da Vila.
(De uma das saudosas poucas vilas e sede de concelho...)
Era o dia do Festival da Castanha. A maior oportunidade anual de Arouca vender o seu turismo, lutar por si. Dar conta do que é, o que a caracteriza, o que tem. Neste nosso pobre Pais pobre, são estas as iniciativas que mostram os combatentes, e me comovem.
Ainda por cima, a festa no seu auge, e Arouca permanecia serena. Com as suas histórias e o seu Mosteiro. E a Rainha Santa Mafalda, filha do nosso D. Sancho I, nesse templo depositada, um episódio mais longo, outra exposição, sempre reverencial.
Agora, sobram somente as imagens. A do convento - melhor: mosteiro - beneditino, onde professou a Infanta de Portugal, por escasso tempo rainha de Castela,
na verdade, o ex-libris da Vila. Mas também os seus lugares calados de lazer, o mundo dos de dentro, todos os dias de quem é de lá,
E, ao longe, a distância e a altitude. A serra da Freita, as lendas, o bravio, uma vida que, se calhar, repugna aos citadinos. Mas é a que me atrai. A tela gigante, pertença da Vila.
tudo a querer dizer-nos - sem deixar de ser o que somos, tentem e gostem da nossa realidade como ela é.