Património da Humanidade
Nestes dias em que ameaçamos desidratar, morrer estendidos em areais de asfalto - ou em dunas de betão... - vale-nos o bom coração dos amigos. Dos a sério.
À sombra da grande tília da Biblioteca Municipal fui encontrá-lo, a esse camarada de lides antigas, o Aires Mesquita, no atrelado com os seus melões. Em casa da minha Família imperava o calor e a sede, um tormento que as criancinhas mal suportavam já. Com dois daqueles, pensei, - os melhores do mundo - e umas garrafinhas de palhete e branco - também da sua produção - será talvez evitável a catástrofe. E logo parei o carro para a transacção. Um pouco de conversa, há tempos que não nos encontrávamos, a ida pelo vinho ao armazém e, no fim, - leva, tenho muito gosto.
Presenteou-me. Aceitei: na expressão dele isso era a sua vontade. Oferecia-me os melões e o vinho com sincera amizade. Depois de uma tarde inteira a fazê-lo como negócio.
É o que de melhor podemos ter por cá - amigos. Conhecêmo-nos há trinta anos, quando cursamos uma formação para empresários agrícolas que eu nunca fui e o Aires afincadamente é. De tal maneira, pensando a gente no fado e no cante alentejano, é bom se diga e divulgue aquém e além, fronteiras - os melões de casca de carvalho do Aires Mesquita são património da Humanidade. Famalicão está no mapa-mundi e a ele o devemos.