Enquanto o baile não findar
Do rodopio sobre si mesmo à órbita solar, o planeta valsa. Agora talvez num compasso mais tranquilo, o maestro quase penteado, a orquestra num instante de descontracção. Neste canto da sala, apenas um grito triunfal, o de uma dama que aproveitou o feriado e estreou a praia.
O mais são as incómodas casacas que apenas o Tempo, uma a uma, despirá. Sempre sem alguém adivinhando em que volta do baile lhe calhará a sorte.
Por ora, apenas a luz incidindo sobre a escuridão, e o firmamento prometendo amanhecer de azul. Lá fora somente circula o quotidiano e um ou outro vago ideal. Os fins de tarde poderiam conter ditos até sem sentido, mas ainda assim bonitos. Todavia não há cisnes no lago, apenas patos... Não prevalecesse o sangue-frio, a vida seria realmente aflitiva.
É a melhor altura para uma pausa, um charuto fumado à varanda. O criado afasta o reposteiro e os coriscos ao longe são o prenúncio do recrudescer da valsa. Ao ritmo das chamas ou das ondas do mar?