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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Fui eu, vidente Carlos Gabriel

João-Afonso Machado, 21.12.17

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Eu desconfiei logo: a premonição de um castelo com um fosso cheio de achigãs, não sei quantas torres, a minha cadeira de praia na de menagem, a orgulhosa flâmula dos Machados ao vento... As terras a perder de vista e a gente a tropeçar em javalis e veados... Tudo com os olhos a reluzir de ganância nos 200 euros da consulta, cheguei a pensar me devorava a mão que segurava as notas. Ainda se se bastasse com uma moradiazita, a piscina e o relvado à volta... Os Machados, em vez de no mastro, num reposteiro discreto... E os amigalhaços do Alentejo a insistir nos convites para as perdizes...

Mas o pior foi quando sugeriu prosseguíssemos a sessão naquele boteco, à noite. De repente dei comigo estudante da Faculdade, numa chafarica parecida, o Folie Musique, no Muro dos Bacalhoeiros. Já então apenas em desespero de causa, ou quando em bando, possuidos por urros de vandalos, como é próprio dessa idade.

Por isso lhe tirei as chaves do Porsche. Para, evitando o frio, regressar ao meu Peugeot. É evidente! - que merda de vidente. Com o seu futuro - o dele mesmo - a fugir entre a cegueira da sua mente.

E, já agora, o Porsche não arderia não fora tanta lycra e fibras sintéticas no seu interior. As vestais deste orago não conhecerão a lã, o algodão, a seda? Nem outros desodorizantes, além dos de um euro na loja de chineses e as roupas todas manchadas debaixo dos braços? Com os novelos de cabelo no fundo do carro e o morrão do cigarro acidentalmente caído... Por pouco não estorricava eu também. Não vidente, deixe Fátima em paz e vá tosquiar ovelhas para Aveiro. Com umas tesouras por arma, jamais com a prosápia dos Machados.