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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Assembleia da república

João-Afonso Machado, 04.12.17

CARAMANCHÃO.JPG

Ei-lo, o verdadeiro areópago. Sendo o lugar das decisões - a ausência de oradores, de procedimentos regimentais, dos debates sobre o estado da nação, e dos ministros e das comissões. Sem mesmo o Ferro Rodrigues, lá em cima, a assustar as criancinhas.

Mas com espaço e assentos para os mais longos frente-a-frente de vozes inaudíveis: os de cada um consigo mesmo. Nessas demoradas discussões sobre a vida onde tanto falta argumentar, avançar ou recuar, saber de cor os limites. Quando a oposição (vulgo, a consciência) nos fere a cabeça (o vizinho não deixa de atentar) e a abanamos e despenteamos, serão remorsos, será revolta, o que Deus quiser. Ou quando, triunfais, nos assenhoreamos da razão, ela é nossa, ganhámos - e o vizinho nota as pernas estendidas e o corpo reclinado, o gozo da vitória auto-retórica...

Têm a forma desses debates os caramanchões - estão a ver? - que a Páscoa cobre de glicínias e o Verão de outras sombragens, sempre com o rio lá em baixo. É o momento das existências mais calejadas, julgando o passado, firmes no presente, e ainda com força para traçarem o rumo do futuro. Talvez não seja exagero dizer - da Nação...