A Berlenga
Vão lá 40 anos, era um lugar inóspito: havia um colector de águas pluviais e algumas barracas de pescadores. O faroleiro distribuia baldes para preparar os almoços e jantares, o mar se encarregaria da higiene. Anoto ainda um espaço para acampar e o barco que chegava de manhã, partia, e regressava ao fim da tarde. Vivi esse abandono durante uma semana, acampado, e lembro sobretudo a fome que rapei. O forte de S. João, uma ruína visitável como quaisquer termas romanas.
Hoje creio ser uma espécie de pousada. As visitas centuplicaram, é um engarrafamento contínuo junto ao cais. Uma romaria. Aqueles milhões de coelhos que apanhávamos à noite (à mão) escapuliram-se. Só ficaram as gaivotas.
Dispondo de outros meios, dei a volta possivel ao ilhéu.
Andámos perto da rocha do "elefante", gozámos a transparência das águas. Tudo tem um preço, amigos, amigos, negócios à parte, chegámos aos cumes da Berlenga, ao farol, não muito longe as Estelas e os Farilhões. O todo do «arquipélago», como lhe chamava o guia...
Finalmente, as grutas marinhas. Esse espectáculo calado que ficara por assistir desde que, há 40 anos, o único boteco da terra me levou 40$00 por uma coca-cola e me obrigou a regressar ao Norte à boleia...